Uma das vantagens de o futebol ter mudado tanto nos últimos anos é que isso resulta em imensas oportunidades e alarga significativamente o leque de opções disponíveis, seja para o que for, dentro ou fora do campo. Hoje, há várias formas de conseguir receitas financeiras ou para contratar bons jogadores; tal como há diversos modelos de gestão capazes de tornar os clubes fortes e sustentáveis. Nunca como atualmente foi possível fazer as mesmas coisas e lutar pelos mesmos objetivos através de meios diferentes.
Por outro lado, o impulso de copiar aqueles que mais se destacam pelos bons resultados, dentro e fora do campo, também é grande e cresce à medida que a exigência aumenta, porque é tentador e porque transmite uma certa facilidade enganadora. Quando isso sucede, o que se está a fazer, erradamente, é olhar mais para fora do que para dentro e a consequência mais nociva é que com isso se deixa passar e ignora-se uma série de oportunidades que, muitas vezes, estão mesmo debaixo do nariz de quem gere e toma decisões. Não se olha para as coisas certas.
Se estamos a competir com adversários financeiramente superiores, não devemos depositar no dinheiro as nossas esperanças de o derrotar; se os adversários têm melhores jogadores, então não é através do talento individual que conseguiremos superiorizar-nos; se os adversários têm mais poder de recrutamento, então o scouting tem que ser adaptado à nossa realidade para daí se tirarem vantagens. Só a pensar assim, diferente, é que as oportunidades que os outros não veem (porque não precisam) mas que existem, surgem; só assim é possível que as distâncias, competitivas e financeiras, diminuam.
“Se não os consegues vencer, junta-te a eles” é uma máxima que não se aplica no futebol; é precisamente o contrário, aliás. Para conseguir competir com quem é mais rico, mais forte e maior, o que se deve fazer é distanciar-se do que esses fazem. Claro que, tal como no jogo, há coisas que se podem, e devem, aproveitar, lições para aprender, estratégias que valem a pena aprofundar e ajustar, para além de existirem características/formas de estar que são comuns às boas equipas e aos bons clubes, independentemente da dimensão e do poder económico. Contudo, a um nível mais profundo de análise e de decisão, todos vivem realidades que exigem abordagens e respostas particulares.
Não é por acaso que se diz que é nos clubes, supostamente, mais limitados que estão as melhores oportunidades e onde existe mais potencial de inovação e crescimento. A falta de meios estimula a criatividade e dá asas ao pensar fora da caixa porque só assim será possível ser forte e atrativo num futebol cada vez mais exigente, mais competitivo e mais complexo. Mas mesmo entre estes clubes mais limitados, que são a maioria, é decisivo ter noção das especificidades e dos contextos de cada um. Como têm vidas diferentes, precisam de coisas diferentes.
É muito interessante verificar que a evolução e o progresso são a base da inovação. Quanto mais progresso, mais inovação se seguirá porque só dessa maneira será possível acompanhar e superar o progresso dos outros. E o futebol, tal como quase tudo hoje em dia, está nesse ponto quase de emancipação. A evolução que conheceu em todas as áreas tornou-o mais difícil e complexo, ao mesmo tempo que, por outro lado, o dotou de uma riqueza e de uma diversidade que abre a porta a vários caminhos e possibilidades. No futebol não está tudo inventado, nem nada que se pareça. E, o que é curioso e fascinante, é que quanto mais ele evolui mais oportunidades tendem a aparecer.