Analisar e explicar o sucesso é, tendencialmente, questionar e olhar para aquilo que fazem esses clubes e essas equipas. Os “segredos”, acredita-se, estão relacionados com a ação, com o fazer, com o acrescentar e o crescer.
Numa sociedade que nunca foi tão obcecada com o “fazer” acaba por ser compreensível pensar que é esse tipo de empreendedorismo constante que faz a diferença.
Nos dias que correm, não conseguimos estar sem fazer alguma coisa, mesmo que seja insignificante, sem valor e sem vantagens. Essa realidade está bem presente num qualquer lugar, independentemente dos contextos. “Obra feita” é algo dito reiteradamente no futebol e na política, por exemplo. Sendo que os clubes e as equipas de futebol também estão (ou deveriam estar) sempre a tentar procurar (pequenas) vantagens sobre os adversários, também não é de estranhar que esses passos sejam sistematicamente pensados e, depois, dados numa perspetiva de acrescento, de fazer mais e nunca de fazer menos.
O que podemos fazer mais? Onde podemos investir mais? Onde podemos crescer? São perguntas que fazem sentido, claro. Como também faz sentido questionar “o que podemos fazer menos?”, “o que devemos reduzir?” ou “onde estamos a investir de mais?”. O que é que nunca vamos fazer? O que é que não queremos fazer? O que é que, ao longo do processo, não trouxe os resultados esperados, não criou o impacto desejado e não contribuiu para melhorias?
Também é decisivo definir e decidir o que não se vai fazer.
Inovar não significa necessariamente fazer, acrescentar ou aumentar. E melhorar nem sempre é uma consequência do “mais”. Diminuir, retirar, afastar, recuar, fazer menos também são verbos e ações que se devem ponderar regularmente e, quando for caso disso, realizar numa perspetiva de evolução positiva. No entanto, ainda se pensa pouco no que “não fazer”, no que evitar e no que reduzir.
O impulso, regra geral, é olhar e dar importância ao que falta e não tentar perceber o que se faz muito e mal, o que está a mais e os erros reiterados que se cometem persistentemente. Quando há um problema, a tendência é pensar em resolvê-lo através da soma de alguma coisa; dificilmente se equaciona a subtração como potencial resolução de problemas.
Determinar o que não se vai fazer, por outro lado, liberta mais espaço para o que se quer fazer. Nada nem ninguém é só aquilo que faz. E, normalmente, o que se faz é consequência do que não se faz.