Como é que se joga para ganhar? Como é que se treina para ganhar? O que se faz que conduza irremediavelmente à vitória, sem margens para dúvidas? Como é que se ganha? Ninguém sabe. Por isso é que ninguém ganha sempre. O máximo que se consegue, o máximo a que se pode aspirar, é aproximar da vitória e isso faz-se através da concretização de objetivos que dependem de nós e que estão no nosso controlo. É isso que provoca as vitórias e é isso que deve orientar quem quer ganhar.
Não se treina para ganhar, mas para a equipa fazer determinadas coisas que, acredita-se, levarão aos bons resultados e a vitórias. Não se joga para ganhar, mas para proporcionar algumas situações, para evitar outras e dessa maneira ser superior ao adversário. Depois, ainda é preciso esperar que isso tenha reflexo nos resultados, sabendo que, mesmo assim, ganhar pode não acontecer. Como se explica isto?
Daí eu defender que ganhar só pode ser o fim de alguma coisa e nunca o princípio e o ponto de partida, já que isso implica estar a assumir e a querer, desde logo, algo que não depende exclusivamente de nós. Nem sequer é lógico querer algo que não está apenas nas nossas mãos. Os objetivos que nos propomos devem ser estipulados, planeados e alcançáveis por nós sem a influência de terceiros e é a concretização desses objetivos que depois nos dará mais argumentos para ganhar a um adversário.
Antes de se ganhar há todo um processo que é necessário escolher e percorrer, e para se ambicionar os bons resultados na competição há que ultrapassar etapas que nos tornarão mais capazes. Não há mal nenhum em querer ganhar, como é óbvio. Pelo contrário. O mal está em fazer disso um objetivo (prioritário), o princípio de qualquer plano ou projeto. Porque entre o início de alguma coisa e o ‘ganhar’ há muito que fazer e que alcançar.
Primeiro, e mais importante que tudo, é preciso pensar no que nos ajudará e naquilo que, acreditamos, nos levará a ganhar. É preciso planear, construir, desbravar caminho e alcançar os objetivos internos. Só depois de ganharmos a nós próprios é que estamos em condições de ambicionar querer ganhar a alguém. E estarmos mais perto ou mais longe dos bons resultados quando enfrentamos adversários depende de como fazemos essas coisas.
Ganhar e ter bons resultados regularmente vem agarrado ao que fazemos consistentemente, internamente, para nós, sem pensar nos outros.
Por outro lado, traçar objetivos que apenas dependem daquilo que fazemos para serem alcançados e fixarmo-nos neles é também uma fonte de análise muito mais exata e mais sólida para procurar e promover o desenvolvimento do que querer, simplesmente, ganhar: se o adversário for significativamente mais fraco, não é preciso muito para se conseguir a vitória e, no entanto, isso não quer dizer que se esteja no caminho certo, a evoluir, a melhorar e a tornamo-nos mais preparados.
A noção de realidade é diferente quando há metas próprias, quando se sabe como se quer ganhar, por que se ganhou ou por que se perdeu e isso só é possível quando aquilo que nos orienta é o que fazemos, os nossos objetivos e não aquilo que os outros fazem ou nos deixam fazer. O crescimento só é possível se sustentado nesta análise, nesta espécie de autoavaliação contínua e, não menos importante, independente do ganhar. Se não somos capazes de fazer aquilo que nos propomos e que está nas nossas mãos, algo está mal e dessa forma ganhar a alguém fica mais complicado.
Gestão duradoura, mobilizadora e vencedora é a que sabe perfeitamente aquilo que quer fazer para ganhar. É a que entende que ganhar é a consequência de um trabalho bem feito, a que sabe que antes das grandes vitórias existem pequenos triunfos e a que tem noção de que ganhar é, acima de tudo, a consequência de vários objetivos que apenas dependem de nós para serem concretizados.