O objetivo é o mesmo: ter sucesso. Todos os clubes e equipas de futebol partilham isso, independentemente de onde estão e do que têm e independentemente do que “sucesso” significa para cada um deles, seja ser campeão, ir às competições europeias, evitar a despromoção ou subir de divisão. O sucesso tem muitas formas e muitas caras, mas todos o querem. E bem.
O sucesso é o ‘o quê?’, é aquilo que guia o horizonte de todos, é o que os une para lá das diferenças. Por isso é que o ‘o quê?’ não explica nem significa nada, quando se analisa e se tentam encontrar explicações para os bons resultados. É abstrato quase. Não mostra o mais importante.
Aquilo que torna os clubes diferentes é o ‘como?’, daí que responder a essa pergunta é tão importante e tão decisivo para se atingir o objetivo (ter sucesso). Porque diferentes clubes têm, obrigatoriamente, que ter diferentes ‘comos’. Se têm vidas diferentes, contextos diferentes, passados diferentes, presentes diferentes, recursos diferentes, pessoas diferentes, realidades sociais e financeiras diferentes, então têm que ser diferentes quando os queremos perceber a um nível mais profundo.
É verdade que, daquilo que tenho estudado e investigado, os melhores clubes, independentemente de todas as diferenças, têm qualidades comuns. Só que a maioria deles distancia-se na forma como alimenta essas mesmas qualidades. Ou seja, diferem no ‘como’ para alcançarem o ‘o quê?’.
(O Midtjylland e o Brentford são, talvez, os melhores exemplos disso mesmo. Têm o mesmo dono, até dirigentes comuns, e objetivos parecidos, mas recorrem a políticas e estratégias diferentes. Para o Midtjylland, a formação é parte importante do processo; para o Brentford, a formação é tão insignificante que decidiram acabar com ela)
É neste sentido que copiar é tão perigoso, ao mesmo tempo que é tão apetecível. Normalmente, todos os clubes têm vidas diferentes, logo têm que fazer coisas diferentes, mesmo que os objetivos sejam os mesmos. O Barcelona aposta e trabalha na formação de forma diferente do que faz o RB Salzburgo. E só podia, porque são clubes completamente diferentes, desde a sua gênese, passando pela forma de pensar, acabando nos objetivos que têm.
Ter noção das diferenças é fundamental.
Todas ideias, estratégias, políticas, etc, (o ‘como’) devem ser ponderadas tendo em conta um conjunto de circunstâncias, todas elas importantes para ajudar no processo da tomada de decisão. As finanças, a realidade desportiva, a dimensão do clube, o contexto presente, o passado recente… Há uma série – não tão pequena assim – de variantes sobre as quais é necessário pensar e refletir e sem as quais é impossível escolher bem os caminhos mais adequados para se chegar ao objetivo maior.
“O que interessa é ganhar” é uma frase muito batida, mas foge ao essencial. O que interessa, primeiro que tudo, é perceber como se pode ganhar. Saber o que se quer não chega, é indispensável saber como se vai fazer.